História da Corporação

A Fundação

Em 20 de Janeiro de 1924, pelas 15 horas, na Sala de Sessões da Câmara, foi realizada a primeira reunião preparatória para fundação dos Bombeiros do Marco. No mesmo dia foi realizada a primeira Assembleia-geral, tendo sido aprovada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses, e eleitos os primeiros Órgãos Sociais.

Como num Corpo de Bombeiros tem de haver um Comandante temos de referir Miguel Rodrigues Morais como primeiro comandante desta unidade para qual tomou posse no dia 26 de Março de 1924 e de onde saiu em 22 de Outubro de 1931, seguindo-se-lhe, respectivamente, Dr. Amadeu Ferreira Encarnação, Luís Pinto de Babo, José Pinto Moreira, António de Babo Pinto Ribeiro, Mário Fernando Nazário da Costa, Albino Soares Pinto Loureiro e Sérgio Alexandre Queirós e Silva, que é o actual Comandante.

Relativamente a Presidentes da Direcção, o primeiro foi o Dr. Augusto Brochado Coutinho, tendo tomado posse em 24 de Janeiro de 1924 e saído em 17 de Abril de 1932, tendo-se-lhe sucedido, respectivamente, Dr. Eduardo Vasconcelos Cardoso Brochado, Dr. Mário Alexandre Rebelo Monteiro Lobo, Abel de Sousa Carneiro, Dr. António Crucho Dias, Abel Sousa Carneiro, José Pereira Esteves, Eduardo Almeida Peres Pinto Silva, Dr. Artur Elísio de Matos Seabra Melo e Castro, Dr. Alfredo Manuel Magalhães Barros e Castro, Dr. Artur Elísio de Matos Seabra Melo e Castro, Fernando Carneiro Geraldes, Armando Baptista Monteiro, José Ilídio da Silva Macedo, Arlindo Simões Teixeira de Vasconcelos, Júlio Correia Monteiro, Armando Coelho de Barros, João Baptista Vasconcelos Miranda Magalhães, Júlio Correia Monteiro, Manuel Carlos Estrela Brito, José da Silva Azevedo, Avelino Ferreira Torres, Arlindo Simões Teixeira de Vasconcelos, Cláudio Soares Ferreira e Mário Fernando Nazário da Costa.

O primeiro Quartel dos Bombeiros do Marco, arrendado, situava-se no rés-do-chão da casa que faz esquina com a Rua Manuel Pereira Soares e o Largo António Queirós Montenegro, vivendo no seu primeiro andar Miguel Rodrigues Morais, que foi o primeiro comandante, dando por isso o exemplo de bem-querer ao Povo do Marco.

Em 24 de Janeiro de 1926, Domingo, foi lançada a primeira pedra do edifício que havia de ser o primeiro Quartel próprio da Associação Humanitária e o segundo da Instituição e situava-se na esquina da Avenida Engenheiro Adelino Amaro da Costa e a Alameda do Hospital.

Em 24 de Janeiro de 1997 foi inaugurado o segundo Quartel próprio da Associação Humanitária e que actualmente é a sede da Instituição, situando-se na Avenida Gago Coutinho n.º 533, freguesia de Fornos, que actualmente se chama freguesia do Marco.

Como a superfície do concelho de Marco de Canaveses é grande, em caso de incêndios e de acorrer a situações de acidentes, em 20 de Fevereiro de 1987 foi solicitado ao SNB Serviço Nacional de Bombeiros a criação de uma Secção Avançada localizada em Vila Boa do Bispo, tendo tido aprovação e sido passado documento de homologação em 18 de Novembro de 1987.

Para o efeito era necessário um edifício para aquartelamento e foi efectuado protocolo com a Direcção da Casa do Povo de Vila Boa do Bispo que nos cedeu parte do seu terreno para construção do respectivo Quartel onde se encontra situado o respectivo Corpo de Bombeiros desta Secção Avançada, na Avenida D. António José da Rocha Couto n.º 567, 4625-640 Vila Boa do Bispo.

Inicialmente este Corpo de Bombeiros era constituído por 40 elementos e com 4 viaturas sendo duas de combate a incêndios e 2 para socorro.  

No mesmo sentido, devido à superfície do concelho de Marco de Canaveses ser grande e também devido à construção da via rápida entre Marco de Canaveses e a Auto-estrada A4, em caso de incêndios e de acorrer a situações de acidentes, em 16 de Setembro de 1994 foi solicitado ao SNB Serviço Nacional de Bombeiros a criação de uma Secção Avançada localizada em Constance, tendo obtido aprovação e sido passado documento de homologação em 26 de Julho de 1995.

Para o efeito também era necessária a edificação de quartel para acomodação dos Bombeiros da localidade. Por proposta do Sr. Abel José Reis Silva, tesoureiro da Direcção, foi contactado o Sr. Patrick Francis Keating, que nos ofertou terreno para construção do referido Quartel, tendo sido construído pelos operários da Câmara Municipal de Marco de Canaveses e onde se encontra situado o respectivo Corpo de Bombeiros desta Secção Avançada, na Rua da Cegonheira n.º 55, 4635-768 Constance.

Inicialmente este Corpo de Bombeiros era constituído por 10 elementos e com 4 viaturas sendo duas de combate a incêndios e 2 para socorro.  

Finalmente e devido ao movimento de enormes barcos de turismo a navegar no Rio Douro, e devido à intenção de ter boa cobertura de socorro em todo o concelho do Marco de Canaveses, em 21 de Janeiro de 2005 foi solicitado ao SNB Serviço Nacional de Bombeiros a criação de uma Secção Avançada localizada em Várzea do Douro, pois devido à sua proximidade com o Rio Douro, era a melhor localização para o efeito, tendo obtido aprovação e sido passado documento de homologação em 22 de Abril de 2005.

Para o efeito também era necessária a edificação de quartel para acomodação dos Bombeiros da localidade. Por proposta do Sr. José de Jesus Oliveira, Presidente da Junta de Várzea do Douro, que nos ofertou espaço servir provisoriamente de Quartel, tendo sido construído pelos operários da sociedade Inersel, SA, e onde se encontra situado o respectivo Corpo de Bombeiros desta Secção Avançada.

Inicialmente este Corpo de Bombeiros era constituído por 10 elementos e com 3 viaturas sendo uma de combate a incêndios e duas para socorro.  

Por proposta dos Ministros de todas as Repartições, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses, foi considerada Instituição de Utilidade Pública em 16 de Janeiro de 1928.

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses, devido aos seus feitos heróicos, foi louvada e reconhecida por diversas entidades, nomeadamente pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses, a qual nos agraciou com a Medalha de Reconhecimento, atribuída em 6 de Junho de 1943; a Medalha de Mérito e Gratidão, classe Ouro, em 13 de Setembro de 1982; a Medalha de Mérito, classe Prata, atribuída em 19 de Novembro de 1984; Medalha de Mérito Cívico, classe Ouro, em 23 de Janeiro de 2014 e pela Liga dos Bombeiros Portugueses a qual nos agraciou com a Distinção de Serviços Prestados, grau Ouro duas estrelas, atribuída em 27 de Dezembro de 1976.


Cine-Teatro Alameda

A construção do Quartel, Teatro e Cinema foi iniciada em 1939 e concluída em 1942. A partir desta data, periodicamente havia sessões de cinema, que eram apresentadas por empresas de cinema ambulante e representação de récitas, revistas e peças de teatro. Estas peças eram representadas por pessoas amigas dos Bombeiros e por empresas oriundas de Lisboa e de outras localidades.

Em Fevereiro de 1964 a direcção da Associação Humanitária deu a exploração do denominado Cine-Teatro Alameda a uma empresa recentemente criada, cujo contrato de exploração era válido por dez anos.

Quando terminou este contrato, ou seja em 1974, a direcção de então, presidida pelo Eng.º Fernando Geraldes, decidiu não prorrogar o contrato por mais tempo, assumindo a gestão do Cine-Teatro Alameda, já referido. Assim, iniciou-se a actividade de transmitir sessões de filmes semanalmente e que foram sempre exibidos até 1990, data em que decidiram terminar com a referida exibição por falta de p+público na assistência. Ainda antes de fechar a actividade foi a zona da Plateia dividida e transformada uma parte da mesma em salão de jogos, mas que mesmo assim não se tornava rentável sendo mesmo necessário acabar com o Cine-teatro Alameda, que deixou saudades a muita gente...

Associados

Os primeiros Associados foram inscritos como primeiro ponto da primeira Assembleia-geral, ao qual se inscreveram vinte e seis pessoas, pelo que apesar de haver o primeiro Associado ao qual é atribuído o número um, não podemos ser injustos e dar a primazia a uma das 26 pessoas inicialmente inscritas, sendo certo que não podem ser inscritas todas ao mesmo tempo. Actualmente o Sr. Luciano Soares Constante é o Associado Efectivo número um, e a Pensão Magalhães é o Associado Contribuinte número um. O Associado Contribuinte é uma designação recentemente criada, aquando da última revisão dos Estatutos, para definir os Associados em nome colectivo, ou seja, as empresas.

Naturalmente que os Bombeiros e os Associados são a mais-valia nas Associações Humanitárias, porque é sempre com eles que se pode contar no apoio que tem sido incondicional e que dizem sempre presente quando as catástrofes e as situações de maior risco surgem. 

 

É certo que o Comandando precisa muito dos Bombeiros para execução dos trabalhos que são necessários e a Direcção precisa dos Associados para a apresentação e discussão dos assuntos económicos e financeiros que anualmente lhes são colocados e periodicamente é necessário escolher de entre as listas de candidatos aos Órgãos Sociais para cumprirem mandatos de gestão e direcção da nossa Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses.


O Primeiro Carro

Após a criação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses, tornou-se indispensável e urgente a aquisição de fardamentos, equipamentos, viaturas e outros instrumentos necessários e indispensáveis para dar cumprimento ao que havia sido proposto na elaboração deste projecto.

Assim, a primeira viatura adquirida foi uma viatura de tracção manual para combate a incêndios, conhecida por “carro de material”, porque transportava uma bomba de água manual, uma escada de ganchos, machados, pás, baldes de lona, espias e outros aprestos, era puxada manualmente e já tinha travões! A segunda viatura era igual, embora com caixa de primeiros socorros e uma maca em lona para socorro a vítimas de acidentes. Foi esta a primeira ambulância.

A terceira viatura adquirida foi uma viatura de marca Minerva, com rodas de madeira raiadas, tinha volante à direita, era de fabricação belga e foi comprada em segunda mão, com a matrícula S.5384 e foi adquirida em Lisboa.

“O Quarteleiro”

Em quase todos os Corpos de Bombeiro há a figura do “quarteleiro”, ou seja, a figura do Bombeiro que usa parte do Quartel para sua residência permanente e o guarda como se fosse seu. Em Marco de Canaveses o quarteleiro era uma pessoa extremamente dedicada aos Bombeiros e aqui fazia um pouco de tudo: era motorista, cobrador, quarteleiro, Bombeiro, carpinteiro e outras actividades. O Senhor Carlos Pinto Leite, é dele que estamos a escrever, dedicou a vida dele aos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses durante mais de meio século e foi Medalha de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Com esta referência ao “Quarteleiro”, não podemos deixar de mencionar todos os Bombeiros que aqui prestaram serviços, uns com mais heroicidade e voluntariado, outros menos, mas TODOS deram o seu melhor nos serviços e nas missões que lhes eram confiadas, salvando, por isso, muitas vidas e bens à nossa comunidade!


Mulheres no Corpo Ativo

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses, não é só composta por Bombeiros. Também há Bombeiras! Por isso, os quartéis têm dois tipos de camaratas: as masculinas e as femininas.

As primeiras mulheres a inscreverem-se na Escola de Bombeiros, a completarem o curso e a serem Bombeiras no nosso Corpo de Bombeiros foram 8 em 1989, a saber: Rosa Margarida de Sousa Pessoa, Emília Paula Teixeira Nunes, Maria Goretti Teixeira Gomes, Rosa Maria Teixeira Gomes, Maria Isabel Aguiar da Costa, Maria Conceição Aguiar da Costa, Maria Manuela Carneiro de Sousa, Maria de Fátima Carneiro Matos, Nesta data, algumas já não são Bombeiras, mas não é por isso que deixarão de entrar na história da Corporação, uma vez que foram as primeiras mulheres a dedicar parte da sua vida à causa dos Bombeiros.

O Quartel Novo

O Quartel Novo, foi inaugurado pelo Sr. Dr. Armando Vara, Secretário de Estado do Ministério da Administração Interna em 26 de Janeiro de 1977. 

E agora sim! Agora poderia ver-se os Bombeiros de outra forma: olhar-se o futuro de outro modo e de frente porque tínhamos um Quartel Novo! As novas instalações permitiam pensar-se noutros projectos. Por exemplo, no conforto e acomodação de todos os seus Bombeiros. Havia muito espaço para formação, para treinos, para ensaios da Fanfarra que teve altos e baixos até hoje, numa década que foi uma das mais preenchidas da Associação. Tantos anos de disponibilidade desinteressada e permanente. As esposas dos nossos Bombeiros dizem que os maridos “nunca tem tempo para nada em casa, mas quando se trata de assuntos dos Bombeiros, estão sempre presentes!”. E, de facto, quem é Bombeiro tem de estar presente quando é necessário; na emergência quem chega um pouco mais tarde já não chega a tempo!

Os Últimos Tempos
A história dos Bombeiros não acaba aqui. Mas para escrever sobre os últimos anos é preciso atualizar este breve histórico que nunca acabará… e que pode ser longo!


Conclusões

O fogo sempre constituiu um flagelo para as populações. As pessoas do Marco de Canaveses não são exceção, sendo uma cidade com características particulares, nomeadamente por ter muita floresta e ser banhada por dois Rios e atravessada por outro, que acrescentaram maior dificuldade a essa luta titânica e desigual contra este elemento que é o fogo e que ultimamente tem sido acudida por elementos de outros Corpos de Bombeiros durante a época de incêndios, ou seja, durante o Verão.

É mesmo forçoso referenciar alguns fatores específicos e modeladores da urbe por vários séculos já que em Marco de Canaveses o seu progresso recente foi muito grande, mas o serviço de incêndios não se fez na mesma proporção embora lentamente estão sendo superados. Tais são, entre outros: a densidade das construções, com recurso a elevação dos seus prédios; a falta de água e o seu insuficiente circuito de distribuição pela cidade; a topografia montanhosa; a magreza do erário municipal; a rede precária de comunicações e logo a difícil localização do lugar do sinistro; os deficientes meios de combate e de organização, etc., etc.

Os peditórios a favor dos Bombeiros, prática do passado que pensávamos remetida para o plano exclusivo da história das Associações e dos Corpos de Bombeiros, voltam a estar em voga. Volta a mendicidade. O seu ressurgimento indicia, do nosso ponto de vista, um preocupante retrocesso ao nível da subsistência das instituições, em torno do qual importará fazer uma séria e desapaixonada análise.

Para já, parece-nos pacífico que boa parte do problema decorre das mudanças operadas nos Bombeiros ao longo dos últimos anos, por influência de precipitados ciclos políticos, cujas opções erráticas e toleradas de ânimo leve lançaram as estruturas locais para uma situação de vazio, no que reporta a benefícios outrora usufruídos e que atingiram a sua máxima expressão na era do entretanto extinto Serviço Nacional de Bombeiros (SNB).